Quanto tempo do seu dia você toma decisões com base em reações emocionais, e quanto tempo baseadas na razão, ou mesmo na intuição?
Em seu livro 21 lições para o Século 21, Yuval Noah Harari traz o seguinte:
“economistas comportamentais e psicólogos evolucionistas demonstraram que a maioria das decisões humanas é baseada em reações emocionais e atalhos heurísticos e não em análise racional, e que, enquanto nossas emoções e nossa heurística talvez fossem adequadas para lidar com a vida na Idade da Pedra, são lamentavelmente inadequadas na Idade do Silício.”*
Bom, a resposta está dada: a maior parte do tempo reagimos e decidimos emocionalmente. Mas qual o seu percentual de reações emocionais improdutivas? Afinal, levamos 15 anos ou mais para construir uma reputação, e bastam 15 minutos num acesso de raiva, medo ou ansiedade, para perdê-la.
Então, como controlamos estas respostas impulsivas e automáticas?
A neurociência vem encontrando cada vez mais indícios de que podemos treinar nosso córtex pré-frontal e, por consequência, reprogramar a configuração da mente.
Com exercícios frequentes, assim como mudamos a constituição muscular ao praticar algum esporte, podemos mudar a produção dos neurotransmissores responsáveis por ativar ou desativar determinadas redes neuronais e produzir uma ou outra reação emocional.
Se quando ficamos com medo ou raiva, nos sentimos dispostos a lutar ou fugir, produzindo aceleração respiratória e cardíaca e enviando mais circulação às extremidades, para mudar esta resposta, precisamos induzir o oposto.
É preciso saber coordenar a respiração, para torná-la mais profunda, mais pausada, desacelerando ou mantendo estável o ritmo cardíaco e também estabilizando a circulação sanguínea nos órgãos internos tanto quanto nas extremidades.
Quando o organismo fica estável significa que produziremos os neurotransmissores adequados para uma maior clareza mental, raciocínio lógico rápido, tomada de decisões mais lúcidas, a manutenção de bons relacionamentos e uma sensação de bem-estar e leveza.
Portanto, embora sejamos denominados como animais racionais, apenas poderemos honrar este adjetivo se usarmos esta habilidade que nos foi dada, todos os dias, o máximo de horas possível.
Depois de estabilizar as emoções, é preciso dedicar tempo e energia para exercitar o raciocínio lógico e os insights, mas isso já é tema para outro artigo.
*A citação foi retirada do capítulo Ignorância, no qual o autor pontua o fato de sabermos muito menos do que imaginamos que sabemos como indivíduos humanos, e que boa parte do que dizemos que sabemos é um conhecimento do grupo, mas que excluindo os especialistas no assunto, praticamente ninguém compreende.
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Aline Daher está, há 10 anos na área de desenvolvimento humano. É professora do DeROSE Method e Facilitadora do Programa Mindfulness Design. Graduada em jornalismo, dedica-se à produção e edição de conteúdo há mais de 17 anos.
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